América é um pequeno povoado cravado no alto da serra
grande, a famosa serra dos cocos. Como todo lugarejo serrano se destaca pela
sua paisagem bucólica. Um clima de fresco para frio, o céu é um típico azul
anil, salpicado de alvas nuvens e um verde em todos os tons reveste feito uma
esplendida pintura a natureza serrana espalhando esperança por toda serrania.
Conhecida pela Lenda de Santa Feliciana, e por sua
tradicional feira, onde o forte é a compra, troca e venda de animais, foi
também, palco de uma linda história de amor.
Foi num sábado ensolarado que o lugarejo amanhecera tomado
por um bando de ciganos que se dirigiam até aquele local com o intuito de fazer
boas trocas e grandes negócios. Num minuto o bando montou sua tenda. Aquela
espécie de circo colorido chamava a atenção de todos os habitantes da América.
Depois da barraca montada e devidamente instalada, buscaram o rumo da feira.
Em pouco tempo a cidade ganhava nova paisagem. Ciganas com
suas roupas multicores, davam um novo colorido aquela região, tingindo o
ambiente com cores fortes e vivas. Com muita desenvoltura abordavam os serranos
fazendo profecias na leitura de mãos. Belos ciganos montados em seus cavalos
encantavam as mocinhas sonhadoras que se animavam com tanta movimentação.
Enquanto as ciganas circulavam lendo mãos, os velhos e espertos ciganos munidos
de farta experiência faziam suas trocas na feira. O cigano Ribamar, um belo
moreno de olhos verdes montado em seu enfeitado jumento parava na barraquinha
de Rosa.
— Bota uma Serrana aí!
Rosa estava de costas, quando se voltou, já trazia a dose de
cachaça na mão. Seu ouvido apurado lhe confirmava que aquela voz cantada era de
um estranho. Quando os dois entreolharam-se, uma forte magia os contagiou,
estavam embevecidos um com o outro. A magia por um momento os tirara do ar.
De um só gole o cigano tomou a pinga, e Rosa que rubra
ficara com aquele olhar penetrante, voltava a normalidade. Ali nascia um típico
caso de paixão a primeira vista. Rosa que era desimpedida iniciava com Ribamar,
a contra gosto de sua família, uma linda história de amor. A fama dos ciganos,
aquela vida nômade, e os comentários no pequeno lugar, tudo isso foi motivo
para que os pais de Rosa a trancassem a sete chaves proibindo o belo romance.
Nem Rosa nem o cigano Ribamar se conformavam com aquela
proibição, e assim sendo deram um jeito de trocar recados e bilhetes. Mas tudo
isso por pouco tempo, pois no sábado seguinte os ciganos levantariam
acampamento. Ribamar não poderia deixar o bando, mas não queria deixar o seu amor
e foi nesse emaranhado de pensamentos que ele resolveu que roubaria a Rosa da
América. Comprou, um lindo vestido vermelho, pulseiras e tiaras com medalhas
dependuradas e uma rosa também vermelha para que sua amada , fantasiada de
cigana fosse confundida com as outras ciganas do bando. Rosa lamentava deixar
seus pais, mas não suportaria viver sem o seu grande e único amor.
Concordou com a proposta de Ribamar, e enquanto seus pais
trabalhavam na barraca, ela vestida de cigana subia da garupa do Giron , jumento
montado por Ribamar, e mais tarde foram acompanhados pelo bando que comovido
com a paixão dos jovens deu-lhes total apoio.
A América inteira sofreu com a fuga de sua Rosa. Os pais
saudosos choravam por sua filha, e Rosa também não esquecera os seus entes
queridos. Depois de um ano, num sábado de sol, dia de feira, ao longe se via um
bando de ciganos, a exemplo de outros tempos invadindo o lugarejo. Na frente
dois jumentos: um montado por Ribamar com uma criança no colo. No outro Rosa,
vestida de vermelho, com uma rosa nos cabelos, e na mão uma bandeira branca
pedindo paz.
Rosa era chamada pelos ciganos, Rosa vermelha, todos no
bando gostavam dela. Dessa união nascera uma linda menina a qual deram o nome
de Verbena. Rosa foi recebida com festa por todos, e perdoada por seus pais. O
bando resolveu libertar Ribamar das leis ciganas para que ele enfim, pudesse
ter uma vida mais sossegada e feliz ao lado da esposa que tanto se sacrificara
por ele.
Contam que, desse tempo para cá, as mocinhas da América
quando querem conquistar suas paixões, colocam uma rosa vermelha nos cabelos,
vestem um vestido tão vermelho quanto a rosa aparecendo assim, na frente do seu
pretendente que ao encontrá-la nunca mais largará do seu pé. Dizem até que, já
criaram um grupo folclórico que leva o nome de: “Rosa Vermelha da América.”
Hoje é conhecida como Maria Padilha das 7 Rosas Vermelhas.
Grande conhecedora das magias ciganas.
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